terça-feira, 9 de agosto de 2011

Papo Rápido com Maria de Lourdes e Nair Jane

Elas são as principais peças da direção do Sindicato das Empregadas Domésticas da Baixada Fluminense. A paraibana Lourdes é a Presidente e a maranhense Nair Jane é a Vice-Presidente. Suas histórias de vida tem em comum o trabalho de empregada doméstica, a família e a luta pela conquista de direitos para a categoria profissional das empregadas domésticas.

Qual o papel do Sindicato das Empregadas Domésticas?

Lourdes – O Sindicato existe há 23 anos. Orientamos as empregadas domésticas quanto aos seus direitos. Nossa base de atuação pega todos os municípios da Baixada Fluminense: Nova Iguaçu, Mesquita, Nilópolis, São João de Meriti, Duque de Caxias, Belford Roxo, Queimados, Japeri e Paracambi.

Nair Jane – O Sindicato é a voz das domésticas contra a discriminação e o abuso. Foi fundado em 1988. Antes havia a Associação Profissional das Empregadas Domésticas. Existia em todo o Brasil. Fui, em 1973, presidente da Associação. Depois trouxemos para Nova Iguaçu um núcleo.

Quais foram as principais conquistas do Sindicato das Domésticas de Nova Iguaçu?

Lourdes – Temos lutado com muita dificuldade. Conquistamos nossa sede há 20 anos. Um presente de Dom Adriano, que muito ajudou a categoria e a nossa luta. Hoje temos direitos importantes que não tínhamos no passado, quando comecei a trabalhar de doméstica, como férias, décimo terceiro e licença maternidade.

Nair Jane – Em 1988, lutamos muito na Constituinte. Ficamos em Brasília acompanhando as votações. Quem muito ajudou foi a Benedita, Deputada Federal naquela época. Algumas companheiras, com problemas de saúde, dormiam na casa dela. Nós outras dormíamos em um ginásio, em cima de papelão. Valeu a pena, porque conseguimos algum respeito com a empregada doméstica.

Esta em discussão no Congresso Nacional uma Proposta de Emenda à Constituição que amplia os direitos trabalhistas para as empregadas domésticas. Qual a sua avaliação sobre esta PEC?

Lourdes – É positivo. É mais uma conquista da categoria...

Nair Jane – Positivo é, pois faz parte da nossa luta histórica: igualar os direitos com os demais trabalhadores do Brasil. Porém, ainda não esta completo. Não se fala de insalubridade ou de trabalho no horário noturno. Será um avanço, mas ainda precisaremos lutar.

 A aprovação da PEC poderá criar dificuldades para a contratação de empregadas domésticas? Haverá demissões?

Lourdes – acreditamos que não, pois as alterações não acarretam grandes mudanças financeiras. Talvez o maior impacto fique por conta das horas extras.

Nair Jane – É muito curioso. Quando a primeira lei foi criada, em 1972, ainda no governo militar, também disseram que haveria demissões e que as empregadas domésticas iriam virar prostitutas. Depois, na Constituinte foi a mesma história. Eu acredito que com a ampliação dos direitos teremos mais consciência por parte da categoria e que aquelas profissionais capacitadas terão sempre seu espaço.

Uma nova diretoria foi eleita agora em julho, para um mandato de três anos. Quais são os projetos desta nova diretoria?

Lourdes – Ainda não fizemos um planejamento para este mandato, mas acredito que nossa principal tarefa seja uma ampla campanha de sócios. Porém estamos muito envolvidas na nossa organização para o 10º Congresso Nacional de Empregadas Domésticas, que será realizada em Recife, em setembro. Temos que enviar quatro delegadas e estamos buscando formas de custear as passagens.

Nair Jane – Precisamos fortalecer o sindicato. Sindicato forte é onde a categoria chega junto. É necessário a participação. Elas dizem: “vocês vêm isso aí.” Aí eu digo: “Nós veremos isso aí”.

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