terça-feira, 21 de junho de 2011

Papo Rápido com Flavio Silva

Biólogo de formação e educador ambiental por vocação e luta, Flavio Silva é um dos principais articuladores na luta pela preservação ambiental na Baixada Fluminense. Desde maio foi nomeado pelo Instituto Chico Mendes, órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, para chefiar a maior Reserva Biológica do Estado do Rio de Janeiro: a Reserva do Tinguá. Nesta entrevista Flavio Silva fala dos desafios e das perspectivas para a preservação da Reserva.

Você esta a frente da chefia da Reserva Biológica do Tinguá há mais ou menos um mês. Já é possível fazer um balanço das condições da reserva?  
Não muito profunda, mas estamos trabalhando no planejamento estratégico, construindo um plano de proteção para a UC (Unidade de Conservação), onde as ações possam ser articuladas entre as instituições parceiras. Chegamos na Unidade em um momento muito positivo, onde o ICMBio (Instituto Chico Mendes) tem dispensado uma atenção especial para o Tinguá. Em muito breve teremos boas notícias das construções realizadas com o coletivo dos servidores da Reserva.  

Quais são seus principais projetos frente a chefia da reserva? 
O principal projeto hoje é dar um significado da ReBio (Reserva Biológica do Tinguá) para as comunidades do entorno, trabalhar a educação ambiental como ferramenta de emancipação, promovendo a geração de emprego e renda para as famílias que nos cercam.
A pesquisa científica tem um grande papel na existência da ReBio, hoje 35 instituições tem trabalho das diversas áreas da biologia, universidade de todo o Brasil, precisamos ampliar o número de pesquisas e levar este conhecimento as comunidades do entorno, as escolas, as associações, as pessoas comuns que não estão inseridas na academia. 
As ações de proteção estão em planejamento e já no inicio do segundo semestre estaremos com novidades que colocarão o Tinguá no cenário ambiental da Baixada.


O novo Código Florestal pode afetar a preservação da reserva do Tinguá?   
É sempre um risco fragilizar uma boa legislação como tem sido a proposta de reformulação do CFB (Código Florestal Brasileiro). As Reservas Legais tem papel importante na troca genética e no cinturão de proteção da Unidade. Esta proposta aprovada na Câmara pode reduzir ainda mais a cobertura vegetal na Zona de Amortecimento da ReBio e aumentar a pressão sobre este importante fragmento de Mata Atlântica.

Atualmente diversas atividades econômicas são desenvolvidas no entorno da Reserva – pousadas, sítios de lazer, agropecuárias, entre outros. Como essas atividades tem impactado a Reserva? É possível uma convivência sadia? 
Qualquer atividade econômica realizada na ZA (Zona de Amortecimento) da unidade, sem o enquadramento da legislação ambiental, é uma atividade potencialmente degradadora e pode oferecer riscos a ReBio. Porém quando legalizadas, com as devidas observações das orientações legais este impacto pode ser mitigado ou até mesmo evitado. O que não podemos conviver é com atividades sem o devido licenciamento ambiental. Para isto contamos com a participação ativa das secretarias municipais das prefeituras que nos cercam e com a equipe de fiscalização do ICMBio que desenvolve um grande trabalho.


 Como a sociedade pode ajudar na preservação e no cuidado da Reserva?
A sociedade é nossa parceira principal e a participação no Conselho Consultivo da Unidade nos auxilia na tomada de decisões importantes para a gestão da ReBio. Temos um bom conselho e estamos planejando um grande número de ações que irá envolver toda a comunidade do entorno nas ações de preservação deste importante patrimônio da humanidade.

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