sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Artigo – Wadih Damous: Um péssimo exemplo


Os juízes federais e trabalhistas cruzaram os braços ontem e anteontem em todo o país, reivindicando melhores salários. As audiências e tomadas de depoimento não se realizaram e terão que ser remarcadas. Pior: os juízes acenam, também, com um boicote à Semana Nacional de Conciliação, criada pelo Conselho Nacional de Justiça para desafogar a Justiça, sabidamente morosa.

A Semana de Conciliação está em andamento desde anteontem e se estenderá até o dia 14, quarta-feira da semana que vem.

Ano passado a iniciativa permitiu a realização de quase 110 mil audiências, que resultaram em cerca de 50 mil acordos na Justiça Federal e na Justiça do Trabalho, o que dá bem uma ideia de sua importância, e dos danos que a greve dos juízes causa aos cidadãos que recorreram ao Judiciário em busca do reconhecimento de seus direitos.

Não se discute que magistrados devam ser bem remunerados, pelas exigências de formação para o cargo e pela responsabilidade do trabalho. Não se discute, tampouco, que seus vencimentos devam ser reajustados periodicamente, para não serem corroídos pela inflação.
Mas causa espanto a afirmação de líderes da greve de que os ganhos na carreira são insuficientes para pagamento do aluguel ou de mensalidades do colégio dos filhos. Afinal, o salário inicial na magistratura é R$ 21,8 mil.

Frequentemente a Justiça considera ilegais paralisações de trabalhadores que prestam serviços essenciais.Quem julgará a legalidade de um movimento como este?

Com a escolha da greve como forma de luta, os magistrados fazem uma chantagem e põem as reivindicações corporativas à frente dos interesses gerais da população. Por isso, esta greve não só é inconstitucional e representa um atentado à democracia e ao estado de direito. É, também, um péssimo exemplo para a sociedade.

Wadih Damous é presidente da OAB/RJ


Fonte: O Dia Online



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