Os juízes federais e
trabalhistas cruzaram os braços ontem e anteontem em todo o país, reivindicando
melhores salários. As audiências e tomadas de depoimento não se realizaram e
terão que ser remarcadas. Pior: os juízes acenam, também, com um boicote à Semana
Nacional de Conciliação, criada pelo Conselho Nacional de Justiça para
desafogar a Justiça, sabidamente morosa.
A Semana de Conciliação está
em andamento desde anteontem e se estenderá até o dia 14, quarta-feira da
semana que vem.
Ano passado a iniciativa
permitiu a realização de quase 110 mil audiências, que resultaram em cerca de
50 mil acordos na Justiça Federal e na Justiça do Trabalho, o que dá bem uma
ideia de sua importância, e dos danos que a greve dos juízes causa aos cidadãos
que recorreram ao Judiciário em busca do reconhecimento de seus direitos.
Não se discute que
magistrados devam ser bem remunerados, pelas exigências de formação para o cargo e
pela responsabilidade do trabalho. Não se discute, tampouco, que seus
vencimentos devam ser reajustados periodicamente, para não serem corroídos pela
inflação.
Mas causa espanto a
afirmação de líderes da greve de que os ganhos na carreira são insuficientes
para pagamento do aluguel ou de mensalidades do colégio dos filhos. Afinal, o
salário inicial na magistratura é R$ 21,8 mil.
Frequentemente a Justiça
considera ilegais paralisações de trabalhadores que prestam serviços essenciais.Quem
julgará a legalidade de um movimento como este?
Com a escolha da greve como
forma de luta, os magistrados fazem uma chantagem e põem as reivindicações corporativas à
frente dos interesses gerais da população. Por isso, esta greve não só é
inconstitucional e representa um atentado à democracia e ao estado de direito.
É, também, um péssimo exemplo para a sociedade.
Wadih Damous é presidente da
OAB/RJ
Fonte: O Dia Online
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