segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Padre Agostinho Pretto: Amigo, Conselheiro, Imprescindível

"Há homens que lutam um dia, e são bons. Há outros que lutam um ano, e são os melhores. Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons. Porém há os que lutam uma vida inteira, estes são os imprescindíveis".

Este é um trecho do famoso poema "Os que lutam", de Bertold Brecht em que o autor separa os homens pelo tempo  que cada um se dedica à luta. Entenda-se por luta, as ações coletivas cuja finalidade é vencer uma situação de opressão ou injustiça, visando à construção de uma sociedade mais humana e digna. Ao final do poema, Brecht define, como imprescindível, os homens que dedicam toda sua vida a essa luta. Imprescindível, portanto, são aqueles que não podem estar ausentes das lutas, sob pena de torná-las fracas e sem sentido.

Padre Agostinho Pretto certamente é um desses imprescindíveis. Dedicou sua vida a luta dos trabalhadores no Brasil, na Baixada Fluminense e na América Latina, identificando-se sempre com os mais desfavorecidos e os oprimidos.

Conheci Padre Agostinho nos anos 80. Eu era trabalhador rodoviário, ativista sindical e estudante de direito. Ele, pároco da Catedral de Santo Antonio e uma das grandes referências das lideranças sindicais e dos movimentos populares de Nova Iguaçu e da Baixada. Nos anos 90 começamos estreitar nossa amizade. Nos últimos dez anos ela se tornou sólida e fraterna. Uma vez por semana, no mínimo, nos encontrávamos para almoçar,  conversar e trabalhar. Ele me escutava como um conselheiro. Dava-me broncas como se eu fosse seu filho. E eu o ouvia como um discípulo que tentava extrair da luz, da sabedoria de suas palavras, energia para alimentar o ânimo e continuar abrindo caminhos, seguindo em frente. "Vamos lá, coragem, coragem!" , dizia sempre.

Foram dessas conversas, por exemplo, que nasceu o Projeto Celebridades Populares. Agostinho me chamou a atenção, mostrando-me que nós vereadores, na sua grande maioria, somente homenageávamos as autoridades, os grandes cargos públicos e os empresários. Raramente havia premiação, reconhecimento para mulheres e homens do povo que, com grande esforço e dedicação, desempenham papel significativo para transformação da sociedade. Para Agostinho esses, sim, eram os imprescindíveis. Nasceu então um projeto que desde 2003, descobriu, reconheceu, premiou e homenageou centenas de personalidades populares que lutam e realizam, no dia-a-dia, a necessária cidadania.

Outras muitas ações e projetos, se não nasceram dessas conversas, ali ganharam força e energia. A campanha pela construção de uma universidade pública em Nova Iguaçu, a construção de uma nova casa para Câmara Municipal, o fortalecimento do PT em toda a Baixada, a realização do 6º Encontro Nacional de Fé e Política, e muitos outros tiveram a participação de Agostinho.

Na estante biográfica de Padre Agostinho Pretto, talvez esses fatos tornem-se pequenos frente a outros tão relevantes. Agostinho ajudou a construir e consolidar a Juventude Operária Católica no Brasil e na América Latina; resistiu à ditadura militar, foi preso, torturado, e fundou a Pastoral Operária. Entretanto e certamente, tais fatos terão lugar de destaque em minha estante biográfica, assim como na caminhada da minha vida. Padre Agostinho Pretto será sempre lembrado como um amigo, um conselheiro, um irmão querido, uma pessoa  absolutamente imprescindível.



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